segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Desafio Literário - 10 livros que marcaram


Foto: Paula Francis




Esses desafios que rolam por aí geralmente são um tanto bobinhos.
Mas dessa vez eu fiquei feliz de ter sido desafiada por três leitoras assíduas. É muito bom ser lembrada por gostar de Literatura! :) (alô, meninas, Clube do Livro já!)
Segue então a minha lista de 10 livros marcantes, em uma ordem não muito hierárquica; todos têm grande importância.


1. Tiago (Bíblia)
Todos os livros da Bíblia são pra mim como um 'manual de instruções', que se completam e ensinam coisas maravilhosas de uma forma única. Tiago é especial pra mim porque esse livro fala bastante da vida cristã na prática, em como devemos agir em diversos aspectos. Como uma série de conselhos, estes, conselhos atemporais.
"Se alguém diz que é cristão e não controla a sua língua ferina, está apenas enganando-se a si mesmo, e a sua religião não vale muita coisa. O cristão puro e sem faltas, do ponto de vista de Deus o Pai, é aquele que cuida dos órfãos e das viúvas (...)"

Francis (xará!) Schaeffer é um cristão que escreve bem pra caramba, e aborda temas interessantíssimos, e esse livro em particular foi o impulso que eu precisava pra fazer meu TCC, que abordava arte/cultura cristã.
No livro, ele fala sobre a cosmovisão cristã e a Arte à luz da Bíblia, sendo ambas harmoniosas entre si, e não distantes, como muitas pessoas no próprio meio cristão pensam.
"Como cristãos evangélicos, tendemos a dar pouca importância à arte. Consideramos os outros aspectos da vida humana mais importantes. Apesar de nosso discurso constante sobre o senhorio de Cristo, limitamos sua atuação a uma pequena área da realidade. Confundimos o conceito do senhorio de Cristo sobre a totalidade do ser humano e sobre todo o universo e não nos apropriamos das riquezas que a Bíblia oferece para nós mesmos, nossa vida e nossa cultura."
Bagagem é o meu livro de poesia preferido. E de cabeceira também.
A simplicidade da Adélia Prado em poetizar as coisas me deixa impressionada. É tudo muito belo, singelo, infinitamente simples e verdadeiro, como se ela estivesse conversando com você e contando sobre toda a alegria e paz da alma dela. É sensacional.
"Um corpo quer outro corpo, uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde."
 
4. Persuasão
Este é, definitivamente, o livro mais maduro de Jane Austen, o que faz muito sentido, já que é o último da escritora, que inclusive foi publicado postumamente.
Persuasão se passa no séc. XIX e conta a história de duas pessoas que se amavam, mas que por diferenças de status foram persuadidas a se afastarem. Anos depois, elas se reencontram.
É uma história um pouco dramática, que explora muito a questão do orgulho, as mágoas, as decisões e tudo o mais que envolve esse tipo de situação.
Volta e meia me pego pensando nessa história e de como Anne, a personagem principal, guardava tudo pra si e se mantinha forte, apesar de todas as complicações, e nesse ponto eu me identifiquei bastante.
"Nunca houve dois corações mais abertos, nem gostos mais semelhantes ou sentimentos mais em sintonia."

 5. O Pequeno Príncipe
Já falei sobre o Principezinho aqui nesse post. Mas, resumindo bem, ele é um daqueles livros de deixar na cabeceira. Um livro adulto disfarçado de literatura infantil, que te ensina lições preciosas sobre a vida, a amizade, o amor, entre outras coisas. E o legal é que toda vez que você reler vai aprender uma nova lição.
"Mas eu não estava seguro. Lembrava-me da raposa.
A gente corre risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..."

6. Meu Pé de Laranja Lima
De poucas coisas eu consigo lembrar claramente. Mas eu me lembro de chorar, chorar horrores ao ler o livro, em meus humildes 10 anos de idade. Lembro que, a vida na periferia, a alegria em coisas simples na infância, a amizade que o personagem conquistou, foram as coisas que mais me emocionaram.
"Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso.
A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu."


7. Querido John
"Nicholas Sparks, que mainstream." Pois eu gosto, sim senhor, e gosto muito!
Esse romance em particular porque trata de coisas bem reais, que é a fragilidade dos relacionamentos, do amor, enfim, da vida compartilhada. Em como duas pessoas de mundos totalmente diferentes podem criar laços verdadeiros, podem tentar ser uma pessoa melhor em prol do outro, viver em harmonia mesmo em meio ao caos, mas ao mesmo tempo, em como isso tudo é difícil.

"Não foi fácil aceitar essa verdade simples, pois houve um tempo em que nossas histórias eram uma só, mas isso aconteceu seis anos e duas vidas atrás.
Nós dois temos lembranças, é claro, mas aprendi que as memórias podem ter uma presença física, quase viva, e nisso ela e eu também somos diferentes.
Enquanto as lembranças dela são estrelas no céu noturno, as minhas compõem o assombrado espaço vazio entre elas."

Minha infância e minha adolescência se resumiam a: ler a Coleção Vagalume.
Esse livro foi o que mais me marcou, por contar uma história diferente do que estava acostumada, de uma vida extremamente difícil de uma adolescente de família pobre, de boias-frias e sem-teto. Algo pra acordar pra realidade, sabe?! Pra você olhar ao redor e atentar-se pra coisas que não sejam MTV, Colírios Capricho ou qualquer futilidade adolescente.
"O açúcar é doce pros donos dos canaviais. Pra nós é azedo e amargo que nem dá gosto."
Esse é outro livro cristão, que conta a vida de Gladys, uma missionária inglesa que foi para a China pregar a Palavra e viver para ajudar aquele povo, que ela aprendeu a amar mesmo antes de conhecer. Ela trabalhou num orfanato, sofreu bastante, por choque de cultura, necessidades financeiras, vivenciou guerra, mas nunca desanimou e não desistiu daquele povo, que depois deu a ela um nome chinês, para honrá-la e agradecê-la pelo que fez. É uma história inspiradora, e o melhor: real.

"Eu era tão baixa que precisei de subir num pequeno monte de terra. Falei-lhes, contei-lhes histórias. Dia após dia eu me colocava em pé perante os presos, com o coração batendo violentamente, mas a consciência da necessidade terrível e desesperada daqueles homens incitava-me a prosseguir.
Orava por eles durante horas, noite após noite. Frequentemente, quando devia estar a dormir, saía pelas encostas das montanhas acompanhada de um cristão leproso. Andávamos e orávamos, não tendo coragem de parar porque ele era 'impuro' de corpo, mas tão verdadeiramente puro de coração."

Eu ainda não cheguei nem na metade do livro e já estou totalmente vislumbrada.
O estilo da narrativa de Kundera é bem diferente do que eu estava acostumada, e todo o seu questionamento filosófico, da dualidade do ser, da leveza e do peso, e coisas que te fazem parar pra refletir sobre si mesmo, a existência, a liberdade, a relação com os acontecimentos externos, as pessoas ao seu redor, etc., é incrível.

"Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?"


Não vou desafiar ninguém, mas vale a pena parar pra pensar nas coisas que leu e te fizeram mudar, que te marcaram e que, de alguma forma, influenciaram no seu modo de viver.
Bora ler?! :)

2 comentários:

  1. Eu amei a sua lista! Adorei a sua ideia do post no blog. Muito interessante e gostoso de ler. Jane Austen é minha diva, e qualquer coisa que eu disser sobre ela será chover no molhado. Excelente escolha. Adélia Prado, junto com Cora Coralina são minhas duas poetisas brasileiras preferidas, principalmente pra verso branco.
    Tiago também foi uma escolha maravilhosa. O Pequeno Príncipe também nem preciso comentar, é muito amor. Acho que todo mundo deveria ter um exemplar em casa.
    Gosto de Nicholas Sparks também, apesar de achar que ele sempre escreve dentro de uma "receita", funciona muito bem com ele.
    A Coleção Vagalume, junto com a Série Sinal Aberto são as grandes responsáveis por hoje eu ser uma leitora tão assídua.
    A Insustentável Leveza do Ser é um que eu sempre quis ler, por um simples motivo: esse título é demais!
    Quando puder, leia "O Quarto" e "O Garoto da Casa Ao Lado" (o da Irene Sabattini, não da Meg Cabbot). São maravilhosos! Tem resenha sobre eles no meu blog: http://gavetasreviradas.blogspot.com

    Beijão.

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    1. Não poderia concordar MAIS com você! ;)
      Tenho as mesmas impressões sobre os autores e os livros que você mencionou.
      Um adendo: "A Insustentável Leveza do Ser" também chamou muuuuito minha atenção pelo título uns anos atrás, e atualmente me deparei com ele e decidi ler, principalmente por causa da relação com o nome desse blog, percebeu?! hahahah

      Com certeza pesquisarei sobre esses títulos, e vou dar uma olhada nesse seu cantinho que parece ser um amorzinho! ♥
      Beijo, flor!

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Hey! :)
Obrigada por ler e comentar no meu blog. Beijinho!